31 de out. de 2006

Pai"drasto"

Acabei de ler uma mensagem, daquelas q são em “pps”. Falava sobre pai.
Um rapaz brigou com o pai e saiu de casa. Jurou nunca mais voltar.
Um belo dia recebeu um telegrama da mãe informando data e local do enterro do pai.
Nenhuma lágrima saiu dos olhos dele. No final, o pai tinha uma caderneta vermelha onde anotava o quão orgulhoso era, por ter esse filho, das dificuldades q passou pra poder der-lhe o presente, etc. No final, o filho abraça o caixão e, se debulhando em lágrimas, pede desculpas pelos erros cometidos.

...

Tenho um pai “biológico”. Nunca tive sentimento por ele, pois minha mãe separou-se qdo eu tinha 1 pra 2 anos. Ciúme e bebida foram os motivos da separação. Ele não queria nada da vida. Minha mãe trabalhava, fazia hora extra e ele achava q ela estava cometendo adultério. Para atingi-la, ele me colocava no berço e proibia q ela se aproximasse. Eu chorava até ficar rouca. Um belo dia ela deu o basta.

Eu ia visitá-lo nas férias, pois mora em outro estado. Nada sentia por ele. Eu não conseguia... Um estranho q eu tinha q abraçar e chamar de pai.
Teve uma vez, depois de uns 2 anos s/ vê-lo resolvi visitar. Eu tinha uns 7 anos. Passei 1 mês na casa dele. Nesse tempo eu fiquei de castigo umas 6 vezes, s/ sair de casa. Lembro como se fosse hoje. Eu sentada na varanda da casa, olhando meus amigos de férias brincando e eu não.

Fiquei sabendo dessa história qdo eu tinha uns 17 anos. Imagine como não fiquei.

Minha mãe conheceu no trabalho o homem dos sonhos de qq mulher, mas tinha um problema, ele era casado.

Um belo dia, ela reparou q ele estava s/ aliança, pois era seu parceiro no tênis de mesa. Conversa vai, conversa vem... Marcaram de sair após o jogo e dali nunca mais se separam. Ele se divorciou e se casou com minha mãe. Estão juntos a 29 anos.

Um homem maravilhoso! Esse sim é meu verdadeiro “PAI”. Meu “pai-paidrasto”!

Foi ele q me educou, q me viu andar de bicicleta, s/ rodinha, com 2 anos, q viu um amarrar o cadarço aos 2 anos, q me ensinou a usar o talher c/ elegância, q segurava a mão da minha mãe pra não me bater, q comprava as coisas q eu queria, q me fazia entender o pq de não ganhar determinado presente, q me ajudava no dever de casa, q ia à reunião de pais e alunos da escola, q tratava dos meus machucados, q ganhava presente dos “dias dos pais”, q me emprestou o ombro na minha primeira desilusão amorosa, q esteve comigo no hospital qdo eu quebrei maxilar, q me deu força qdo pensei q minha mãe fosse morrer, mesmo ele precisando ser consolado... etc.

Uma vez tentei chama-lo de pai, acho q eu tinha uns 7 ou 8 anos. Ele me disse q meu pai estava vivo e não era certo eu falar - Pai. Como ele sabe das mesmas coisas q eu sei, das coisas q minha mãe e eu passamos e do meu sentimento para com meu pai, ele achou por bem, não confundir as coisas...

Hoje eu o trato carinhosamente de “DIBO”. Q por sinal, o apelido pegou. Rsss

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Minha avó paterna era o único ELO com meu pai “biológico”. Um doce de mulher. Está ao lado do Papai do Céu agora. Tentando fazer essa família PATERNA se entender.
Por ela, eu até tentava sentir algo pelo meu pai. Uma mulher guerreira. Íntegra. MARAVILHOSA!

Com o falecimento esse ELO partiu. Começaram as brigas pela herança. Duzentos mil reais e um apartamento de 2 qts em Copacabana.
Eu morava c/ minha avó e era responsável pelo imóvel. Como não houve tempo de passá-lo para o meu nome... Fui expulsa. Deram-me 1 mês para arrumar outra canto.

Minha mãe queria se meter na “briga”, pois segundo ela tenho o mesmo direito q todos os outros netos. Como não queria q ela se envolvesse e não é da minha índole “brigar” por dinheiro abri mão da minha parte da herança, até pq pra eu ganhá-la teria q ser na justiça.

O q mais me deixou magoada, não foi ter sido expulsa do apê pelo meu tio-padrinho e sim, o meu pai estar ao lado dele e não ter dito nada. Ele não interviu. Nesse dia eu vi q ele nõa tem sentimento nenhum por mim. Acho q nunca teve. Apenas tentava cumprir algum dever de pai, me aceitando nas férias em sua casa. Acho q fazia isso pela minha avó. Como disse... acho q vovó era esse grande ELO... eu tentava ser filha e ele tentava ser pai. NÃO DEU CERTO!

Não quero mal ao meu “pai biológico”. Queria apenas, ser amada por ele e conseguir amá-lo!”. Será q estou pedindo muito?

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Nunca falei sobre esse assunto com ninguém, mas senti uma grande vontade de desabafar.

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